quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Bovino

Quero dormir,
Ressonar,
Sumir,
Parar de pensar.

De que serve tanta reflexão,
Tanta guerra de pensamento,
Tanto esforço em argumentação,
Tanto desperdício de tempo?

Quero cair
P’ro lado,
Procriar e dormir,
Ser gado.

Porque não um boi,
Animal de grande porte,
Vida toda no pasto;
Isso é que era sorte!

Quero acordar,
Vaquinha comer.
O dia passar
A dormir e foder.

Vejo as vaquinhas
Invejo as cabrinhas
Sem nada p’ra fazer
Excepto viver.

Porque tenho d’acordar,
Correr e trabalhar,
Pensar, debater?
Animal nasci,
Animal quero ser!

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Vou Ser

Acordei fora de mim
Cansado de ser assim,
Farto de ter sido
O que sempre fui.

A partir de agora,
A qualquer que seja a hora,
Serei sempre mais de mim,
Serei demais para ti.

Fodam-se as noites em branco
E os dias em pranto,
Foda-se a vida virtual
E tudo o que e banal

A vida é minha,
Faço dela o que quiser
Sou eu que a vivo
Mais vale viver.

Vou parar de sonhar
Na penumbra da noite.
Vou assisitir ao claro dia
Com toda a minha folia.

Vou aproveitar o que posso
A vida rapido esvanece.
Quero chegar ao fim e ouvir:
“Ele foi tudo o que quisesse!”

Serei tudo o que quiser ser
Serei mais que isso,
Serei algo a benzer
Serei algo a louvar

Entre os gritos do ceu, da terra, do mar,
Serei a sua voz mais alta,
Serei a voz a gritar
Com a força da ribalta
Nem que seja a cantar
Para todo o mundo ouvir
O farei rir
O farei chorar.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Mulher de minha Ilusão

Quando te vi andar
No palco iluminar,
Como Sol que chegou
E em mim ficou.

Sobre as luzes da ribalta
vi-te vistosa e alta
cantando em plenos pulmoes
esplendorosas cançoes.

Fui-te ver sempre que podia
E sempre me surpeendias
Com cantigas de meu coração
inundandavas-me de paixao.

Quando entraste
Sozinha cantaste
Publico enfrentaste
Sorriste e amaste

Fizeste-me cantar
Fizeste-me amar
Fizeste-me sonhar
Fizeste-me olhar
Para ti,
Dona de meu coração
Mulher de minha ilusão.

Sempre que te vejo
Faço mais que sorrir
Quero gritar, explodir
Não conter meu desejo.

Na ilusao sonhei,
Ilusionado fiquei.
Meu sangue parou,
Mas a temporada passou.

Na ultima noite
Por ti chorei,
Só na plateia
Por ti cantei.

A peça acabava
Amanhã não voltaria,
Triste pensava:
A seguir, que faria?

Isto seria o fim
Então decidi
Nao acabar assim
Em teu rosto li,
A palavra era sim.

Podia ter acabado num sorriso,
Fui estupido e pensei
Que tudo era pouco
Depois do que sonhei.

Fui aos bastidores
- por ti esperei -
Coração de dores
Tua múscia trauteei.

Alegria mal contida
empurrei porta fehcada
vi-te na bebida,
a outro agarrada.
Meu coraçao fez ferida
Que jamais sera sarada.

Tamanha paixão,
Depressa se tornou
Destroçado coração,
Apenas repulsa ficou.

Sempre que te oiço,
Fujo de nós,
Actriz fingida,
Mulher desconhecida.

O Livro

Num acto admirável,
enchido de irritação,
peguei livro abominável
e atirei-o ao chão.
_
Ao chão o deitei,
no solo não ficou.
Nem sequer reparei
mas o objecto voou!
_
Olhei p'ra ele entao,
inundado de admiração.
Enquanto me pasmava
o livro plananva!
_
Raio do livro,
deu-lhe p'ra voar
mas que porcaria!
Se quisese andar
de pernas no ar
no fim cairia!
Proem o objecto
andava a planar
como se fosse recto!
_
Da boca p'ra fora
disse-lhe na hora:
"Mestre livro voador,
que é isso de voar
- já me esta a enervar-
pois todo meu labor
não consegue saber
- e queria compreender-
como se tornou planador?"
_
Para mim olhou
mas resposta negou
voador, tal Senhor,
não fala com admirador.
_
Tocaram-me e acordei
- como dormi nem sei-
no chão o livro estava
e todos me perguntavam
porque não o apanhava?
_
Triste o agarrei
pois so quero saber
aquilo que não sei
e o que me 'tao a dizer
de o saber cansei!