terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Da noite que sonhei três vezes/ Sobre o que venho a sonhar à três meses

Tamanha era a distância
Que ja perdia a esperança
De te ver novamente,
Sempre linda e diferente.

Verte-ia certamente
Mas serias para mim tão bela
Que acenderias a vela,
A chama, de meu coração ardente?

Todos os instantes
Pensava em ti
Mas querer-te-ia
Tanto como dantes,
Tão perto de mim?

Com esta preocupação
Deitei-me e dormi
Imaginando se amanhã
Continuava a paixão.

Pelo meu quarto escuro
Voaste encantada
O meu coração duro
Asseguraste-o, amada.

Pela minha mente entraste
Meu coração alimentaste
A chama que morria
Voltou em folia.

Três vezes contigo sonhei
Três vezes te abracei,
Três vezes te olhei,
Três vezes ao paraíso fui e voltei.

Partilhavamos um beijo
Ou um olhar revelador.
De ambos era o desejo
De partilhar este amor.

Havia outros mas não lhes ligava,
Tanto no sonho como na vida
Só tu me importavas,
Só tu me eras querida.

A terceira nem sonhei,
Apenas sonhei que a sonhei
Pois queria estar contigo
Em mais um sonho querido.

Quero estar contigo cada momento,
Cada mísero segundo.
És o sonho que acalento,
És o meu mundo.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Amo sonhando

Vejo-te caminhar
Pelo meio do deserto,
Calmamente a andar
De sorriso aberto.

Prefiro-te a qualquer miragem
Pois és a mais bela imagem.
És a fonte donde quero beber
Todas as gotas de amor sorver.

Pois és a água mais pura,
O sumo com mais sabor,
O leite repleto de ternura,
O alcool preenchido de ardor.

Se amar é pecado
Deixa-me ser pecador,
Deixa-me ser teu amado,
No inferno que venha a dor.

Desde que possa amar
E contigo partilhar
Cada momento que viver
Sofrerei o castigo que merecer.

Aconteça o que acontecer
Quero estar contigo.
Cada segundo sem te ver
É apenas tempo perdido.

Não preciso de te beijar
Para saber que te quero,
Para saber que te amo,
Para te poder adorar.

No entanto um beijo teu
É todo o sonho meu,
É tudo o que sonho ousar,
Neste sonho que é amar.

I think of you

Your kiss upon my cheek,
Your body against my meat,
Your face at my window,
Time passes slow,
When you’re near my,
Closer couldn’t it be…
Your smile wakes me every night
Preparing me for every day’s fight
‘Cause you’re the source of light
That my heart enlights
My love for you
Which shines brightly
In everything I do.
When I’m down and crappy
I think of you,
Hoping the same you’ll do
And then turn happy.

eu, tu e o infinito

Cada olhar que me deitas
Percorre-me a espinha
Magoa-me mas penso:
“Quando serás minha?”

A resposta que ouço mais
Doi-me como tudo: “Jamais!”
Sou eu que a digo
Preenchido de receio tremido.

Ignoro sempre que posso
Ignoro tudo, até o mundo,
Mas lembro tua face doirada,
Que me alegra, minha amada.

Perdidos no tempo,
Encontrados no pensamento
Não importa onde estamos
Mas sózinhos nos juntamos.

Unidos no nada
Só eu e tu
De tudo despidos,
De tudo nus.

Nada nos rodeia,
Apenas o infinito,
Que em nós semeia
Amor e delito.

Estamos tão perto
Que até é certo
O amor que em mim permanece
Quando teu sorriso me aquece.

Abraço teu corpo
Tu respondes ao abraço
Como um ficamos
Perdidos no espaço.

Juntos no infinito
Nada importa mais
Que o teu sorriso,
Mais belo que os demais.

O nada nos une
E nada nos separa
Voamos a mil à hora,
Para sempre e agora.

Somos interrompidos,
Um grito qualquer
Impediu-nos de prosseguir,
Nosso antro de prazer.

Separados de novo
Mas para sempre juntos
Olho as estrelas
E mesmo sem vê-las

Sei que há duas,
As mais belas que são
Como minhas mãos
Agarrando as tuas.

Vivi na caverna

Abri os olhos o mais que pude
Mas só vi a escuridão,
Era tudo negro.

Sombras disformes gritavam-me
E eu tentava ouvir
Mas eram apenas surdos ecos,
Distorcidos por tudo e por nada.

Não os distinguia
Nem conseguia perceber
Se alguma coisa
Queriam dizer.

O ar que respirava
Era mais que frio, congelante.
Meu bafo evaporava-se
Num fumo cego.

Sentia algo de duro,
Sólido, sustentar-me,
Mas debaixo de meus pés
Nada me agarrava.

Tentei falar
Mas nao conhecia
Minha propria voz,
Rouca e perdida
Na escuridão atroz.

Por sorte nunca me habituei,
Tinha que haver mais que isto.
Uma verdade inaudita
No meio de tanta merda maldita.

Então vi uma luz
Depressa me seduz
E me fez esquecer
Todo o tempo que passei
Sem nunca ver.

Vinha dum fogo
Que ardia
No meio da escuridao
A mim sorria.



O crepilhar do fogo
Entrou-em pelos ouvidos
Nitido e claro
Afastou o silencio.

Vi o fogo a meu lado,
Queimou-me mas adorei
O calor que sem nunca
Sentir sempre amei.

Finalmente vi
Mais do que eu
Ou do silêncio meu.
O fogo ardia
E em mim explodia.

Abri as mãos.
À luz do fogo vi
Minhas unhas gandes
Que dantes desconhecia.

Com elas rasguei
A pele que vivia em mim.
No fogo a queimei.

Do pútrido corpo que restava
Veio um grito profundo
Que fez tremer
A Terra e o mundo.

O poeta

O poeta nem é santo
Nem rei nem ladrão.
È apenas um humano
Que sente paixão.

O poeta não vive
No azul céu infinito
Nem nas profundezas do mar
Vive no meio da multidão
Sustendo a respiração
Tentando conter a sensação.

Não se destingue dos outros,
Vive como qualquer um
Isolado mas no meio
De todos e nenhum.

Ninguém segue um caminho.
Andam todos dum lado p’o outro
No centro está o poeta,
Parado, observando alerta.

Do pó foi feito
Em chamas se ergueu
Pelo ar rarefeito
A voz que não se perdeu.

Quando ao pó voltar
Vai continuar a inflamar
Um e outro corações
D’alguém perdido nas multidões.

O poeta perder-se-á
De cantar parará.
É isto certo e inevitavel,
Que por muito indomavel
Que o fogo arder
No fim irá perecer.

Apenas restará,
No céu ficará
A obra imortal
Num plano irreal.

Do céu iluminará
Todos os humildes homens
Que quiserem ver mais além
De beleza os ofuscará.


Fará ou não sentido,
É indiferente.
Apenas importa
Que seja demente.

As palavras não ditas

As palavras não ditas
Deixam-me andar torto,
Cabras e malditas
Corroem-me o corpo.

Um fogo ardente,
Destroi o meu ser,
Por tudo aquilo
Que deixei de te dizer.

O que não foi feito
Impede-me de andar direito
Obriga-me a curvar,
Meu ser ante teu olhar.

Quando tou p’ra te dizer
As palavras que me torturam
Aprisionam meu ser
E dentro de mim duram
Embora não as queira reter
Não consigo, por te querer.

Quando te viras
Só quero explodir
Dizer de vez
O que estou a sentir.

Mas calo-me por achar incerto
Querer teu coração aberto
Que o meu tanto bate
Que receio que me mate.

“Allea jacta est”
Pois o sorriso que me deste
Por mim decidiu
Só tu e meu mundo ruiu.

Muito tempo não aguento
Sem dizer o que sinto
Mas quando estou contigo,
Mais rápido é o momento
Que o meu pensamento
A arranjar palavras p’ra descrever
O quão bela podes ser.