sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Vivi na caverna

Abri os olhos o mais que pude
Mas só vi a escuridão,
Era tudo negro.

Sombras disformes gritavam-me
E eu tentava ouvir
Mas eram apenas surdos ecos,
Distorcidos por tudo e por nada.

Não os distinguia
Nem conseguia perceber
Se alguma coisa
Queriam dizer.

O ar que respirava
Era mais que frio, congelante.
Meu bafo evaporava-se
Num fumo cego.

Sentia algo de duro,
Sólido, sustentar-me,
Mas debaixo de meus pés
Nada me agarrava.

Tentei falar
Mas nao conhecia
Minha propria voz,
Rouca e perdida
Na escuridão atroz.

Por sorte nunca me habituei,
Tinha que haver mais que isto.
Uma verdade inaudita
No meio de tanta merda maldita.

Então vi uma luz
Depressa me seduz
E me fez esquecer
Todo o tempo que passei
Sem nunca ver.

Vinha dum fogo
Que ardia
No meio da escuridao
A mim sorria.



O crepilhar do fogo
Entrou-em pelos ouvidos
Nitido e claro
Afastou o silencio.

Vi o fogo a meu lado,
Queimou-me mas adorei
O calor que sem nunca
Sentir sempre amei.

Finalmente vi
Mais do que eu
Ou do silêncio meu.
O fogo ardia
E em mim explodia.

Abri as mãos.
À luz do fogo vi
Minhas unhas gandes
Que dantes desconhecia.

Com elas rasguei
A pele que vivia em mim.
No fogo a queimei.

Do pútrido corpo que restava
Veio um grito profundo
Que fez tremer
A Terra e o mundo.

1 comentário:

Nya disse...

É o que dá as aulas de Filosofia onde não se faz nada e le-se alegorias... eu já te disse o que pensava portanto não vou tar pa' qui a repetir tudo de novo.
Bj