sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

O poeta

O poeta nem é santo
Nem rei nem ladrão.
È apenas um humano
Que sente paixão.

O poeta não vive
No azul céu infinito
Nem nas profundezas do mar
Vive no meio da multidão
Sustendo a respiração
Tentando conter a sensação.

Não se destingue dos outros,
Vive como qualquer um
Isolado mas no meio
De todos e nenhum.

Ninguém segue um caminho.
Andam todos dum lado p’o outro
No centro está o poeta,
Parado, observando alerta.

Do pó foi feito
Em chamas se ergueu
Pelo ar rarefeito
A voz que não se perdeu.

Quando ao pó voltar
Vai continuar a inflamar
Um e outro corações
D’alguém perdido nas multidões.

O poeta perder-se-á
De cantar parará.
É isto certo e inevitavel,
Que por muito indomavel
Que o fogo arder
No fim irá perecer.

Apenas restará,
No céu ficará
A obra imortal
Num plano irreal.

Do céu iluminará
Todos os humildes homens
Que quiserem ver mais além
De beleza os ofuscará.


Fará ou não sentido,
É indiferente.
Apenas importa
Que seja demente.

1 comentário:

Nya disse...

Embora adore o poema há uma coisa com a qual descordo: os poetas distinguem-se sim da multidão...