O poeta nem é santo
Nem rei nem ladrão.
È apenas um humano
Que sente paixão.
O poeta não vive
No azul céu infinito
Nem nas profundezas do mar
Vive no meio da multidão
Sustendo a respiração
Tentando conter a sensação.
Não se destingue dos outros,
Vive como qualquer um
Isolado mas no meio
De todos e nenhum.
Ninguém segue um caminho.
Andam todos dum lado p’o outro
No centro está o poeta,
Parado, observando alerta.
Do pó foi feito
Em chamas se ergueu
Pelo ar rarefeito
A voz que não se perdeu.
Quando ao pó voltar
Vai continuar a inflamar
Um e outro corações
D’alguém perdido nas multidões.
O poeta perder-se-á
De cantar parará.
É isto certo e inevitavel,
Que por muito indomavel
Que o fogo arder
No fim irá perecer.
Apenas restará,
No céu ficará
A obra imortal
Num plano irreal.
Do céu iluminará
Todos os humildes homens
Que quiserem ver mais além
De beleza os ofuscará.
Fará ou não sentido,
É indiferente.
Apenas importa
Que seja demente.
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1 comentário:
Embora adore o poema há uma coisa com a qual descordo: os poetas distinguem-se sim da multidão...
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